É difícil parar para refletir em meio à agitação da vida urbana. A memória recente é de catástrofes, tragédias, conflitos, o incêndio do qual todos tentam fugir. Mas o feriado alonga o incômodo, transformando o ócio em frenesi de transporte, bagagem, filas e mais pressa. A vida paga pedágio.
Mas a civilização, mesmo saturada de seus excessos, não nos deixa totalmente isolados das fontes originais em que brotam os sentidos da vida. Elas estão ao nosso alcance, ocultas sob o tempo histórico aparentemente linear do Ocidente. Os ciclos da cultura e suas datas cartesianamente chamadas de "simbólicas" são vias de acesso.
Agora vamos à Páscoa e nos preparamos para um grande esforço. Da trajetória dos judeus herdamos aqueles 40 anos de marcha, atravessando o mar e o deserto para sair do cativeiro e do exílio e chegar à Terra Prometida onde, além da novidade da terra, haveria a alegria de viver em novidade de vida. Ressignificada pela tradição cristã, a passagem é íntima e radical: atravessamos o vale da morte, deixando os tesouros efêmeros sujeitos às traças e à ferrugem pelo tesouro da verdade que jorra na vida eterna.
Leia mais (29/03/2013 - 03h00)
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